segunda-feira, 11 de julho de 2011

Evangelho de Marcos

          Evangelho de Marcos
 

AUTORIA: João Marcos, um judeu. João é nome hebraico que significa "graça de Deus". Marcos vem do latim e significa "martelo grande".
O parecer favorável à autoria de João Marcos conta com o testemunho de Papias, bispo de Hierápolis, conforme registro de Eusébio: "Marcos era intérprete de Pedro." Escreveu de acordo com as informações e ensinos de Pedro. Irineu diz que Marcos era discípulo de Pedro e escreveu em Roma. Teríamos então nesse evangelho a mão de Marcos e a voz de Pedro. Observe o resumo do evangelho no sermão de Pedro em At.10.36-43, inclusive a ordem dos fatos.
CITAÇÕES SOBRE MARCOS
Mc. 14.51-52 – Supõe-se que o moço que foge nu seja o próprio Marcos. A omissão do nome e a exclusividade da narrativa são elementos que levam alguns comentaristas a julgarem que o autor está falando de uma experiência pessoal.
At.12.12 – A casa de Maria, mãe de Marcos, era um dos locais utilizados pelos apóstolos para suas reuniões em Jerusalém. Pedro, ao sair da prisão, foi direto para lá, sabendo que encontraria os irmãos. Tal fato demonstra a normalidade das reuniões cristãs naquela casa.
At.12.25 – Viagem de Marcos, com Paulo e Barnabé, de Jerusalém para Antioquia.
At.13.5 – Participação na primeira viagem missionária de Paulo (Selêucia, Chipre, Salamina).
At.13.13 – Enquanto Paulo vai para Perge, Marcos abandona a missão e volta para Jerusalém.
At.15.37-39 – Devido à deserção recente, Paulo não quis levar Marcos em outra viagem, motivo pelo qual houve grande contenda com Barnabé, o qual decide viajar com Marcos para Chipre.
O nome de Marcos não aparece mais em Atos dos Apóstolos. Evidentemente, isso se deve ao fato de ter abandonado a equipe missionária. Entretanto, as epístolas paulinas nos mostram que Marcos voltou a trabalhar com o apóstolo Paulo. Parece ter havido um amadurecimento do jovem Marcos e o perdão por parte de Paulo, o qual chega a fazer declarações positivas e raras a respeito do companheiro de ministério.
Col.4.10 – Marcos encontra-se em companhia de Paulo na prisão em Roma. Aquele que havia abandonado o trabalho cristão agora está em situação de risco. Não estava preso mas se submetia ao risco de prisão estando junto de Paulo. Este versículo apresenta diferença entre as versões bíblicas. Em uma encontramos a informação de que Marcos era primo de Barnabé. Outra nos informa que Marcos era sobrinho. Esta última versão tem sido mais aceita.
II Tm.4.11 – Marcos estava com Timóteo em Éfeso. Paulo pede que ambos se dirijam ao lugar onde ele se encontra, pois, de acordo com as palavras de Paulo, Marcos lhe era "muito útil para o ministério."
I Pd.5.13 – Marcos encontra-se com Pedro na Babilônia. Há quem diga que se trata de uma referência à cidade de Roma. Pedro se refere a Marcos como filho. Tal tratamento tem sido normalmente entendido como uma indicação de que Marcos era discípulo de Pedro, conforme escreveu Irineu, ou ainda, que Marcos tinha se convertido pela pregação de Pedro.
Fm. 23-24 – Novamente Marcos aparece como cooperador de Paulo.
Observamos a relação estreita que Marcos teve com os apóstolos e outros líderes da igreja primitiva. Por isso, ele teve acesso a fontes primárias de informações sobre a vida de Cristo. Seu evangelho é, portanto, um relato tomado diretamente das testemunhas oculares dos fatos narrados.
A tradição cristã nos informa que Marcos foi para Alexandria, onde fundou a igreja local, tornando-se bispo. Nessa mesma cidade seria martirizado.

DESTINATÁRIOS – Cristãos gentios, provavelmente romanos. Alguns detalhes do livro nos mostram que Marcos não estava escrevendo para judeus.
- Ao contrário de Mateus, ele não se preocupa prioritariamente em demonstrar o cumprimento do V.T. Marcos explica termos aramaicos e costumes judaicos nas seguintes passagens: 3.17; 5.41; 7.1-4,11 (corbã – Hb.); 7.34; 10.46 14.36; 15.22,34. Informa a localização do monte das Oliveiras em 13.3. Ele tem em mente destinatários que não possuíam conhecimento desses elementos. Portanto, não eram judeus.
IDIOMA – O evangelho de Marcos foi escrito em grego. Alguns teólogos argumentam a favor de um original em aramaico. Isto se deve à freqüência de termos aramaicos no livro. Contudo, tal hipótese não foi comprovada e não conseguiu grande aceitação.
DATA – Foi o primeiro evangelho a ser escrito. Data provável: ano 55. As datações dos comentaristas oscilam entre os anos 50 e 69.
FONTE – Suas informações se originaram principalmente da pessoa de Pedro. Hipótese não comprovada: existência de uma fonte complementar em aramaico.
VERSÍCULO CHAVE: 10.45 – "Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos."
LOCAL E CONTEXTO DO AUTOR – Marcos escreveu em Roma numa época de grande perseguição à igreja e conflitos violentos. Tudo isso parece interferir nas características do livro.
PALAVRA CHAVE: imediatamente (40x), ou "logo" dependendo da versão. "Em seguida" também aparece com freqüência, indicando movimento constante e urgente.
CARACTERÍSTICAS
Urgência, rapidez, texto simples, resumido, prático, vívido, dinâmico.
Conteúdo breve mas rico em detalhes. Demonstra testemunho ocular (de Pedro).
Mostra efeitos das palavras de Jesus sobre as multidões e os discípulos - 1.22-27; 2.12; 6.56 etc.
Marcos é mais narrativo. Apenas para fins de entendimento, vamos comparar o livro de Marcos ao script de uma peça teatral, enquanto que Mateus poderia ser comparado a um livro didático. Assim como o texto de uma peça, encontramos em Marcos mais detalhes dos fatos observados.
Não tem ordem cronológica rigorosa, mas é mais ordenado do que Mateus.
Apresenta Jesus como servo (Compare com Filipenses 2.5-11).
Marcos apresenta apenas 4 parábolas (Mateus tem 15, e Lucas, 23). Conta 19 milagres (Mateus e Lucas tem 20). Enfatiza as obras e não as palavras de Jesus. – 1.35-37; 3.20,21; 6.31-34.
Jesus, que foi apresentado por Mateus como rei, é apresentado por Marcos como servo. Temo então um Rei-servo. Isso parece uma contradição. Contudo, é a realidade. O rei Jesus se humilhou ao ponto de servir a todo tipo de pessoas, chegando até a lavar os pés aos seus discípulos. Tal contraste pode também ser observado em nossas vidas. Somos chamados reis e sacerdotes (I Pd.2.9). Porém, não podemos deixar de ser servos (Rm.6.18). Como disse Salomão: "príncipes como servos sobre a terra" (Ec.10.5-7).

I – O Servo do Senhor prepara-se para servir – 1.1-13.
Sem genealogia – a ninguém interessa genealogia de um servo. Interessa sua capacidade para o trabalho.
Narrativas sobre João Batista, o batismo e a tentação de Cristo.
Em destaque: a necessidade de preparação para servir bem – o melhor para Deus. Até mesmo a tentação, as provações, as dificuldades fazem parte do processo de preparação do homem para o propósito divino.
II – O Servo do Senhor trabalha – (Não apenas teoria).
Na Galiléia – 1.14 a 9.50. Diante do seu trabalho surgem: oposição, rejeição, perseguições. O servo serve, nada ganha e ainda é perseguido.
Na Peréia (Judéia) – 10.1-34. (Ao leste do Jordão) (Indo para Jerusalém).
Em Jerusalém (Judéia) – 10.35 a 13.37 (Entrada, purificação do templo, exortações, monte das Oliveiras)
III – O Servo do Senhor obediente até a morte – 14.1 a 15.47.
A palavra "até" inclui a idéia de perseverança, persistência.
Até onde iremos com o Senhor? Seguir a Jesus é muito bom enquanto ele opera milagres, curas, multiplica pães e peixes. Porém, no meio deste caminho existe uma cruz. Vida cristã não é apenas prosperidade e êxito. É também renúncia e morte (Lc.9.23; Col.3.5). Sem morte não pode haver ressurreição e sem ressurreição não haverá glória. "Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida." Apc.2.10. "Aquele que perseverar até o fim será salvo" Mt.24.13.
IV – O Servo do Senhor ressuscitado e recebido no céu – 16
A recompensa aguarda o servo no céu. Queremos recompensa aqui? Na terra temos algum adiantamento, mas não o nosso galardão.
POLÊMICA SOBRE O EPÍLOGO DE MARCOS.
O texto de Marcos 16.9-20 é apontado por alguns críticos como adição posterior. Tal trecho é encontrado em alguns manuscritos e não em outros. Contudo, verificou-se a presença desse versículos no manuscrito mais antigo entre os que foram comparados. Sua ausência em alguns manuscritos pode ter sido causada pelo próprio desgaste daqueles escritos devido ao uso excessivo e à má conservação. Nessas condições é compreensível que se perca a última página ou um pedaço final de uma obra.
Sem o texto citado, o livro de Marcos terminaria de forma brusca em 16.8, o que não seria natural. Verifica-se em 16.20 um término mais convincente. O versículo dá idéia de conclusão em que o autor termina falando sobre a pregação do evangelho em toda parte.
COMPARAÇÃO COM ISAÍAS
Assim como Marcos apresenta Jesus com o servo, o profeta Isaías escreve sua profecia referindo-se ao Messias como "O Servo do Senhor".
Exaltação: 52.13-15
Rejeição - 53.1-2
Dores - 53.3
Expiação - 53.4-6 -Referência evidente a Jesus. Qualquer servo do Senhor poderia sofrer e morrer, mas só a morte de Cristo poderia ter valor expiatório.
Sofrimento - 53.7
Morte - 53.8-9
Triunfo - 53.10-12 - Referência evidente a Jesus. Qualquer homem poderia morrer, mas somente Jesus teria triunfo após a morte. A profecia alcança então o tema ressurreição.

Que Deus te abençoe.

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